quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Espécie Humana

Há de fato uma natureza humana, um homo natural, tantum, quando a linguagem falta ou quando um vazio se abre e a gente se mantém no limite, a beira da fenda no abismo.
René Schérer

Há milhões de anos, uma espécie desacochegava-se do seu Nicho natural e partia em busca de segunda natureza. Um intelecto refletia, inventou-se o colóquio, a interrogação e a prece. O humano e sua fala, sujeito e objeto das Ciências Humanas! Sede de vozes. Quem era capaz de inserir-se em tantas expressões de conhecimento? Fluxos de desinteresse fatiaram o humano. Houve solidão nesta jornada, vinculada a Dionísio e Apolo. Milhões de muitos bilhões de indivíduos repetem esta experiência, cantam à alegria e o sofrimento de seu labirinto, limitado entre o nascimento e a morte, estética de existência condicionada ao eu-para-si e para o autovivenciamento.

As esculturas de Adriana Xaplin reconstroem com ousadia e sem modismos caminhos e labirintos de conexões de uma espécie que exige um corpo como experiência. Obras que existem por si. Estética que captura a potência de um ser sensível e puro que busca na outra forma possível o retorno para as possibilidades de vida. Na cartografia da exposição revelam-se fendas e micros fendas de um "nevous sistem" que comportam um estado infinito de ondas, transformações, deslizamentos e velocidades das vivências da artista. Mãos calejadas que em tantos signos e expressões convidam o público a brindar o devir mágico de ser espécie. Espécie Finitamente Humana.

Lisete Bertotto -escritora e educadora




Fotos: Antonio A. Bueno (Divulgação)

Mais informações, no blog da artista:

http://xaplin-especiehumana.blogspot.com/

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