quinta-feira, 1 de novembro de 2007

USINA DO GASÔMETRO-Porto Alegre- 2004

Adriana Xaplin, Antônio Augusto Bueno e Daliana Mirapalhete
esculturas e desenhos, regras libertárias disfarçadas em livres intenções

Local: Usina do Gasômetro – Av. João Goulart, 551- P.Alegre / RS
Visitação de 28/07 a 28/08/2004 - de terças a domingos,das 9h às 21h

A exposição de esculturas e desenhos - regras libertárias disfarçadas em livres intenções, de Adriana Xaplin, Antônio Augusto Bueno e Daliana Mirapalhete, é composta por trabalhos em grande formato ocupando o espaço do mezanino da Usina do Gasômetro em Porto Alegre.

Adriana Xaplin mostra trinta esculturas em resina e arame, figuras humanas de tamanho maior que o natural caracterizadas por um grande grau de dramaticidade.
Contatos com a artista

Antônio Augusto Bueno mostra trinta desenhos sobre tecido onde o tema único é a cabeça humana, desenhos com excesso de linhas que fazem com que além da figura humana apareçam novos elementos dentro da cabeça. Além dos desenhos Antônio Augusto também mostra oito esculturas em resina, de figuras humanas de tamanho natural.
Contatos com o artista

Daliana Mirapalhete mostra dez esculturas fazendo uma mescla de materiais sintéticos com orgânicos construindo figuras que são uma mistura de elementos humanos, vegetais e animais.
Contatos com a artista

Essa será a terceira exposição do grupo que fez a primeira em 2002 no museu ONG Balleana Australis, no Chui, praticamente na fronteira do Brasil com o Uruguai, a segunda no ano passado na Casa de Cultura Mario Quintana.


Regras libertárias disfarçadas em livres intenções
Luís Filipe Trois Bueno e Silva


Fala-se para o mundo poder ouvir
mas nenhuma descrição poderia,
apenas ela, oxigenar os poros da
inteligência e da sensibilidade.

Outra alternativa é (im)possível.
Correr-se-ia, então, o risco de transformar
estas palavras (des)pretensiosas
e fraternas em
afirmações diluidoras, imbecis,
nauseabundas, absolutas
e brutais.

Não. Ao contrário. Quer-se o oposto disso tudo -
e sinceramente.
Temos em vista pois o contato direto,
tête-à-tête e sem máscaras,
contudo - por favor ! –
com todas as máscaras do mundo !

Mas, (...) por falar em máscaras,
onde andarão nossos sorrisos ocultos,
nunca usados
(inéditos)
e esquecidos ?

- Olhem para estes ao redor,
e pensem e sintam
o que quiserem.
Ou, se preferirem -
em cheio recomendo:
aproveitem e
sorriam de fato.

- Por que não?

Vejam agora, (...) todos os rostos!
Todos os corpos.
Cada um deles.
Apenas isso e tudo mais.

Enfim,
depois (...),
alguém, de permeio,
poderá – quem sabe?-
falar (com os seus botões) sobre as remotas gárgulas
e recordar algum inesquecível pesadelo
ou alguma outra e
determinada
e singularíssima possibilidade -
não sei,
mas assim gosto e
faço questão de acreditar.

De resto,
trata-se,
na verdade,
de nós mesmos,
de mim mesmo.

Sim,
vale dizer:
é o eterno momento
destinado a ser
feito
e desfeito com o tempo.
Só ele,
este
e todos os outros.

Por outro lado,
estamos lá,
Aqui, ali
e
ainda assim
– para o nosso contínuo espanto –
não estamos,
parece que jamais estamos
em parte alguma,
em tempo algum.

Atenção porém
– importantíssimo !! –
não nos desesperemos sob nenhuma hipótese !
O caos precisa gostar dele mesmo para ser criador.
Pois a doce ilusão que nos anima - e faz sentido - vem daí.

Depois disso, acima de tudo,
lá adiante (ou muito aquém) da boa e leve melancolia,
da desperdiçada intensidade,
do ridículo a ser destemidamente enfrentado,
do enorme cuidado,
da displicência elegante e deselegante,
da vergonha que não é timidez,
do medo que sempre nos espreita,
do narcisismo altruísta,
da insignificância de certas coisas tolas,
da bondade a toda prova,
da incrível destreza diante do deveras difícil,
do afeto incondicional,
do silêncio que não diz nada,
do silêncio que diz tudo,
do voluntarismo inteligente e inconformista
e, infelizmente, do horror que existe,
há toda a beleza incompleta deste mundo,
há a mão do homem que molda o mundo,
há o indizível.

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